1) O que é baixa visão ou visão subnormal?
Resumidamente, é a acuidade visual máxima que se situa entre 5% e 30% no melhor olho de uma pessoa já com a correção obtida com óculos convencionais, lentes de contato, tratamento clínico ou cirurgia. Na faixa abaixo de 5% de visão no melhor olho até sem nenhuma percepção de luz neste olho, considera-se cegueira legal, porém uma parte dessas pessoas ainda poderá se beneficiar dos produtos indicados para a baixa visão, sem terem que recorrer à leitura Braille.
2) Quais são as causas mais comuns da baixa visão?
As causas mais comuns de baixa visão na criança são retinopatia da prematuridade, catarata congênita bilateral, a coriorretinite macular bilateral e o glaucoma congênito; no adulto idoso, os numericamente mais acometidos pela baixa visão, as causas mais comuns são a degeneração macular relacionada à idade, a retinopatia diabética, as coriorretinites maculares bilaterais e o glaucoma avançado.
3) Quais os sinais de alerta da baixa visão? Quando se deve procurar um especialista?
Deve-se suspeitar que um indivíduo apresenta baixa visão quando, ao exame oftalmológico, esta pessoa se situa na faixa de visão acima relacionada. O oftalmologista deve, então, encaminhar para outro oftalmologista ou fazer ele mesmo, exames para adaptação de recursos ópticos ou eletrônicos para proporcionar a este indivíduo visão útil para suas atividades diárias para longe e perto, como leitura, assistir aula, ver TV, por exemplo.
4) O que se deve fazer para evitar a baixa visão?
Nem sempre é possível evitar a baixa visão, mas medidas como a adequada oxigenação e monitoramento da retina de bebês prematuros e o controle clínico rigoroso de diabéticos, por exemplo, podem contribuir para a diminuição de incidência de retinopatias nestas pessoas e, por conseguinte, diminuir a incidência de baixa visão nestes casos. Toda pessoa acima dos 40 anos deve ter sua pressão intra-ocular medida pelo oftalmologista, pelo menos uma vez por ano, como medida para prevenir, e caso se torne necessário, tratar o glaucoma. Caso tenha alguma pessoa na família com glaucoma, esta medida deve ser antecipada. A hipertensão arterial descontrolada e o uso de colírios de corticóide de maneira prolongada são fatores de risco para o aparecimento do glaucoma com todas as suas complicações. Leia matéria: Glaucoma avança entre mais jovens
Também são importantes medidas preventivas básicas que são úteis de maneira geral, tais como a alimentação saudável, a prática de exercícios físicos, não consumir álcool em excesso e não fumar. Leia matéria sobre a importância da alimentação equilibrada para a saúde ocular e também Má alimentação prejudica a visão; Excesso de sal pode causar danos à visão.
5) O que é importante saber em relação aos equipamentos para a baixa visão?
Os produtos de auxílio baseiam-se no princípio da ampliação ou aumento da imagem. Atualmente mais novidades têm surgido nos equipamentos que utilizam câmeras, pois elas estão se tornando mais acessíveis, de melhor qualidade e tamanhos cada vez menores. Porém, deve-se ter cuidado com as novidades, com aquelas que são apenas variações umas das outras e que não acrescentam qualidades que irão interferir efetivamente no dia-a-dia dos usuários, como a facilidade e o conforto do uso, a simplificação dos procedimentos, a praticidade na substituição de peças caso o aparelho passe a apresentar algum problema. Deve-se pensar se realmente o usuário irá necessitar de todos os recursos que um determinado produto apresenta, pois recursos em excesso, sem haver a necessidade, podem ser fatores complicadores para o uso fácil e rápido da função básica que ele precisa, que é ampliar a imagem.
É importante pensar em outros pontos além da incorporação de recursos sofisticados, como por exemplo, na idade do usuário, na maneira como ele vai usar o equipamento, na sua autonomia, nas suas necessidades, nos locais de uso. Pode ser que um produto mais simplificado preencha essas necessidades e ainda permita que ele tenha mais autonomia ao utilizá-lo, sem ter que depender da ajuda de outra pessoa para ligar, instalar ou ajustar o aparelho.
Atualmente não existe nenhum recurso para a baixa visão que represente uma panaceia para todos os tipos de problemas, situações e necessidades dos indivíduos, resolvendo-se todos os problemas com um só produto. O paciente com visão subnormal, no seu dia-a-dia, em geral poderá necessitar de alguns tipos diferentes de auxílios, dependendo da atividade que irá realizar.
Todos os produtos para a baixa visão apresentam características que devem ser levadas em consideração, em conjunção com o problema e com as necessidades do paciente, no momento da indicação; por isso, é importante que o oftalmologista conheça o produto que está indicando, para poder explicar que aquele equipamento irá funcionar bem naquela determinada situação e, no caso de uma situação diferente, poderá ser preciso utilizar um outro produto, e assim por diante.
6) Porque a pessoa com baixa visão precisa ampliar ou aumentar as imagens para ver?
Porque as imagens que ela vê apresentam “falhas”, como se fossem manchas sem visão ou então como se houvesse uma “nuvem” sobre essas imagens. Dessa maneira, a imagem aumentada favorece a interpretação dessa imagem pelo cérebro. Quanto maiores forem essas “falhas”, maior deverá ser a ampliação, para facilitar a interpretação.
No caso específico da leitura, a pessoa com baixa visão, ao visualizar a página inteira de um livro, de uma revista, ou jornal, vê essas “manchas”, que podem impedir a visão de grandes grupos de palavras. Quando se aumenta a imagem da página, por meio de uma lupa óptica ou eletrônica, e essa “mancha” passar a cobrir apenas parte de uma palavra, a pessoa ainda consegue “adivinhar” qual é essa palavra, por causa da maneira como aprendemos a ler, que é visualizando a imagem geral das palavras e, baseados em experiências anteriores, saber que ali está escrito uma coisa e não outra.
Existem até algumas “brincadeiras”, quando se escreve, por exemplo, a palavra “PATA” trocando a letra A pelo número 4, sem prejuízo da informação; assim: “P4T4″.
Por isso, é importante que a pessoa consiga visualizar sempre uma palavra inteira, por causa da maneira do ser humano ler; por exemplo, onde está escrita a palavra PR_GR_MA, o deficiente visual que tem essa “mancha” pode estar lendo apenas uma parte das letras, mas, com a ampliação, consegue interpretar, baseado nas experiências de leitura do passado, que a palavra é PROGRAMA.
Complementando, não é muito bom que as pessoas usem equipamentos cuja ampliação permita ver apenas as sílabas das palavras, porque assim a pessoa vai ter que depender de uma boa memória para unir essas sílabas e interpretar a palavra que está lendo.
7) Quais as principais diferenças entre as lupas ópticas e as lupas eletrônicas?
As lupas ópticas (com lentes) apresentam as seguintes características:
- o tamanho do aumento das imagens vai até um certo ponto, geralmente não muito grande, porque quanto maior o aumento, menor será a lente, a tal ponto que, com lentes de aumento muito grande, a pessoa passará a ler somente sílaba por sílaba ou só letra por letra, dificultando a leitura.
- o modo de usar sempre irá requerer que o usuário olhe por elas, em geral com o olho que tiver melhor visão que o outro, aproximando o olho da lente.
- são práticas, fáceis para transportar.
As lupas eletrônicas:
- podem proporcionar maiores aumentos da imagem
- são mais confortáveis para usar, porque o usuário olha para uma tela; a câmera de vídeo do aparelho vai transmitir a imagem para uma tela de TV ou de computador
- se o usuário estiver usando o computador e quiser acessar qualquer outro trabalho (arquivo, internet), é só minimizar a imagem que vem da Lupa Eletrônica e continuar a usar o arquivo ou a internet; para voltar à Lupa Eletrônica bastará maximizar a imagem novamente.
- a Lupa Eletrônica com zoom da Bonavision permite que se escreva olhando para a tela do computador ou da TV; o usuário pode escrever sem ter que abaixar a cabeça para poder ler o que escreveu; ela permite que se veja o que se escreve ou desenha em tempo real.
A escolha irá depender do tipo de atividade do usuário e do aumento que ele necessita.
8 ) Como é a reabilitação das pessoas que tem baixa visão? É possível reverter o processo?
A habilitação, no caso da criança pequena ou a reabilitação, em quem teve baixa visão mais tarde, ocorre com a participação do indivíduo, do oftalmologista, da escola, da família e mesmo da sociedade no entorno. A baixa visão no horizonte do curto prazo ainda não pode ser revertida, apenas mitigada com o uso de auxílios ópticos e eletrônicos.
Deve haver uma interação entre os educadores e o paciente, a família (para apoio psicológico e continuação da reabilitação em casa) e o oftalmologista para otimizar o uso dos equipamentos visuais para as atividades cotidianas do paciente na escola, trabalho, lazer ou em outras situações.
9) Qual a faixa etária dos portadores? Qual a tendência para o futuro ?
Os idosos são numericamente a maioria das pessoas com visão subnormal e seu número tende a aumentar, tanto pelo aumento da expectativa de vida da população em todo o mundo quanto pela não existência no horizonte de curto prazo de cura para a mais frequente das doenças causadoras de visão subnormal no idoso, que é a degeneração macular relacionada à idade do tipo seca.
Embora as crianças sejam minoria numérica, devem ser consideradas em função da longa expectativa de vida, e, portanto, devem ter acesso aos recursos que irão conferir qualidade a essa vida. A ação principal, em relação às crianças, deve ser possibilitar e facilitar o acesso à educação, pois só ela irá tornar real a inclusão social dos adultos que serão no futuro.
10) Há especificidades para o atendimento do paciente com baixa visão?
No atendimento, além do exame num consultório padrão de oftalmologia, há que se ter à disposição alguns recursos específicos para este trabalho, os auxílios ópticos e eletrônicos, usados em testes para que o paciente escolha aquele que melhor se adapte a suas necessidades de longe e perto.
11) Que orientações são importantes para a prescrição de auxílios ópticos para portadores de baixa visão?
É importante o oftalmologista estar preparado para lidar com este tipo de problema. Diferentemente das pessoas com visão dentro da normalidade, que resolvem seu problema visual com um óculos apenas, que pode ser de visão simples, bifocal ou multifocal, o portador de visão subnormal, por ter que ampliar as imagens para que veja adequadamente, poderá necessitar de diversos equipamentos, a saber, para perto, para longe, um portátil para leituras rápidas, outro para leituras prolongadas com mais conforto. Daí, nota-se a complexidade deste tipo de tratamento.
Obs.: autorizamos a reprodução e divulgação total ou parcial desse material, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.
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